Quanto custa um funeral?
Que tema estranho para uma reportagem. Não têm mais temas?
Temos. Muitos temas. Mas este também faz parte (e de que maneira) das nossas vidas.
É um assunto que tenho em mente abordar desde que o meu pai morreu. Mas nunca tive coragem porque é um tema hiper sensível e pode ser mal interpretado.
Deixem-me explicar as minhas razões para abordar o tema dos funerais no Contas-poupança. Quando o meu pai morreu, lembro-me de me terem dado um contacto de telefone. Liguei e marquei um encontro na loja umas horas depois. Fui lá e puseram-me à frente 3 opções: uma mais ou menos, uma razoável e uma óptima. Cada uma com os seus preços.
Das 3 escolhemos uma. Disseram-nos que não tínhamos de nos preocupar com nada. Era o que queríamos ouvir naquela hora. No final de tudo, pagámos o combinado e nunca mais pensei no assunto.
Alguns meses depois, regressado ao “ambiente” do Contas-poupança, comecei a pensar: “De facto, é uma situação em que não pensamos em nada. Estamos tão fragilizados que nem nos passa pela cabeça fazer contas ou pensar em dinheiro. Afinal de contas, a última das homenagens não tem preço”.
É tabu
Falar da morte é praticamente tabu em Portugal. Ninguém fala disso e quando alguém fala, acabam chateados. Já falei de tantos assuntos, talvez tenha chegado a hora de falar deste em nome de todos os que já pensaram no assunto e têm vergonha de perguntar.
Sabe quanto custa em média um funeral?
A sua família terá dinheiro para um funeral de que tipo?
Que apoios pode esperar do Estado para ajudar a pagar as despesas?
Podendo aceitar um orçamento de um certo valor (estamos a falar de milhares de euros) será que pode fazer um funeral (ainda) mais digno para o seu familiar?
Vale a pena dizer em vida aos seus filhos se concorda com a cremação ou não? Dizer-lhes como gostava que fosse o seu funeral para lhes tirar esse peso de cima? Haverá coragem para isso? Será útil?
E há algumas “burlas” ou enganos que pode evitar para depois não se sentir enganado. Vou falar disso também.
Não é uma reportagem sobre como poupar nos funerais, mas sim o que deve saber antes contactar uma agência funerária, para que tudo corra da melhor maneira possível. O trabalho delas é fundamental, é pago e por isso devemos, por muito que nos custe, comportarmo-nos como clientes de um serviço.
Funeral em vida
Apercebi-me (embora não fale disso na reportagem) que há pessoas (sobretudo estrangeiros) que preparam o funeral em vida (fica pago e tudo). Escolhem os locais do velório e a urna que querem e não deixam essa preocupação aos sobreviventes. Serão “normais”, no contexto da nossa cultura? Vale a pena pensar no assunto?
São tudo questões que vou levantar mais logo no Contas-poupança, no Jornal da Noite na SIC.
É daquelas reportagens que me custaram fazer. Mas alguém tinha de a fazer. Espero que vos leve a pensar em algumas questões a que muitos de nós preferem fugir no dia-a-dia.
E quando acontecer (porque vai provavelmente acontecer) pelo menos já sabe o que pode esperar e não se vai sentir perdido como eu me senti quando passei por isso.
É daqueles que considero serviço público. Acho que deve mesmo ver. Agora, enquanto não precisa. E espero que nunca lhe seja útil.
Até já!
Caro Pedro, boa noite
Após a sua reportagem gostaria de dar a informação que existe na companhia de seguros Fidelidade, o seguro chamado Protecção Vital da Família, que entre várias coberturas, tem a cobertura de Proteção ao Funeral, ou seja, no caso de falecimento da pessoa segura, a companhia trata de tudo com a agência funerária.
Grata pela atenção
Obrigado Débora. Sim existem vários seguros. Cada um tem de avaliar os custos e benefícios. Acho que seguros desse tipo são uma opção muito pessoal.
Sim, é o chamado “seguro de caixão”.
Já penso neste tema há vários anos e já pensei nisso, de deixar a “coisa” pronta, para poupar os meus familiares.
Desisti de pensar nesse seguro, pq fica mais caro do que “reservar” caixão e cemitério.
Mais vale economizar o dinheiro em vida e depois “comprar” tudo a partir de uma certa idade (se não tivermos nenhuma surpresa/acidente até lá).
Obrigado pela reportagem, que vai deixar muitos a pensar.
Débora O`Neill, realmente existe algo com esse nome no entanto, esse produto foi criado em parceria com uma Agência Funerária obviamente com interesse em monopolizar o negócio..além disso se alguém se der ao trabalho de verificar o produto em questão irá chegar à conclusão que não tira nenhum beneficio que justifique o investimento, apenas deixa a decisão da escolha do prestador do serviço nas mãos de terceiros e compactua com mais um negócio monopolizado.
infelizmente um funeral fica caro… mas acho eu que não compensa por exemplo, ser sócio da Vencedora ou outro org. para descontar por mês 6 euros até morrer, e ao fim só pagam ajudas de funeral uma verba pequena de 600 euros? estou nessa condição mas estou arrependido, (costuma-se a dizer quando eu morrer alguém trate disso) sobre um custo do funeral é muito dinheiro, fica tudo a volta de 2.450 euros.