Peguei no tema da reportagem de um dos Contas-poupança de janeiro para a Crónica que escrevo semanalmente no Expresso.
Se não viu a reportagem na SIC tem aqui tudo explicadinho e com mais algumas contas.
“Pequenas” grandes despesas
Muitas vezes chegamos ao fim do mês e achamos que o dinheiro “voou”. Puxamos pela cabeça para tentar perceber para onde foi e muitas vezes não chegamos a qualquer conclusão. Queixamo-nos do preço disto e daquilo (que é verdade) mas em alguns orçamentos familiares a explicação pode estar em pequenas depesas diárias ou semanais que, somadas, representam somas elevadas.
Fiz as contas a vários exemplos. Jogos, tabaco, pequeno-almoço e lanche fora de casa e outras pequenas despesas de que se lembre ou que se apliquem ao seu caso podem absorver mais dinheiro do que julga. Se fizer as contas a quanto gasta por ano pode ter uma grande surpresa.
O objetivo desta crónica não é dizer se deve ou não ter essas despesas. Como gasta o seu dinheiro é assunto pessoal – e ninguém tem nada a ver com isso. O que quero chamar a atenção é que deve saber sempre (para ter umas finanças saudáveis) se tem orçamento suficiente ou não para suportar esses gastos.
O que gasta com uma coisa “inofensiva” pode ser ao fim do ano mais do que o que paga de seguros dos carros ou de IMI, por exemplo. E se lhe falta esse dinheiro, quando precisa de pagar essas despesas obrigatórias pode verificar que já o gastou em coisas menos importantes.
QUANTO GASTA EM JOGOS?
Vamos a contas. Quem joga no Euromilhões todas as semanas e aposta 5 euros de cada vez, ao fim do ano gastou 260 euros. Se comprar uma raspadinha de 5 euros (ou equivalente) por semana são mais 260 euros. E se jogar também no Totoloto duas vezes por semana são mais €93,60. Ou seja, no total gastou € 613,60. Mais do que um salário mínimo nacional. E ainda tem o Placard, o Totobola e outros jogos.
Obviamente, há quem gaste menos e quem gaste mais. Se joga, faça as suas contas. E claro que há sempre a possibilidade de ganhar. É esse o fascínio do jogo. Pode acontecer ao fim do ano ter atingido o equilíbrio, ou até ter lucro. Só saberá se contabilizar o que gasta e o que ganha ao longo do ano no jogo. E é sempre imprevisível.
O dono de uma papelaria contou-me que há pessoas que jogam 5 euros na raspadinha todos os dias e que pedem por tudo que não contem ao marido/mulher, porque se tornou um vício. São 150 euros por mês, 1800 euros por ano. Se for uma reforma pequena, pode ser um problema.
Não há aqui qualquer juízo moral nem conselhos sobre se deve jogar ou não. Há quem o faça apenas por divertimento. A questão é que quem não joga tem sempre o prémio garantido do dinheiro que poupa para usar (se quiser ou precisar) noutras coisas. O importante é saber quanto se gasta – e avaliar se não nos faz falta para outras despesas.
OUTROS EXEMPLOS
Mas não é só no jogo que pequenos gastos se tornam grandes ao fim do ano. Quem fuma um maço de tabaco por dia, gasta ao fim do ano mais de 1.600 euros. Beber 3 cafés por dia só durante a semana representa 475 euros por ano. Tomar o pequeno almoço fora de segunda a sexta-feira são quase 400 euros e se juntar o lanche no café ou na cantina da empresa são mais 528 euros. Quem tiver todos estes hábitos gasta só com isto mais de 3 mil euros por ano. Se ganhar mil euros limpos por mês, está a trabalhar 3 meses por ano exclusivamente para tabaco e cafés. Dá que pensar.
Repito, para evitar mal entendidos, que cada um gasta o dinheiro como quer e naquilo que lhe dá prazer. A questão só se põe quando tem de fazer escolhas e está a ter dificuldade em saber onde pode cortar.
Para mim, o segredo da “boa” poupança é gastar aquilo que se tem naquilo que se quer. E, de preferência, que ainda sobre alguma coisa ao fim do mês.
A Crónica no Expresso está aqui neste link http://expresso.sapo.pt/economia/2017-01-15-Pequenas-grandes-despesas
Quando há alternativa, evitar as portagens. Sem portagens demoro +/- 20/25m a chegar ao trabalho se for pelas vias rápidas com portagens demoro 15m, o problema é que gasto 0,65 em portagens só de ida, se for ida e volta 1,20€ = 26,40 por mês e 316,80 por ano
Pois. Quando fazemos as contas ao ano as coisas começam a fazer outro sentido.