Equipamentos mais eficientes para aquecer a casa

Escrito por Pedro Andersson

05.02.17

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7 min de leitura

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Partilho convosco a  Crónica de Poupança desta semana que escrevi no EXPRESSO.

É o resumo, com mais algumas contas pelo meio, da reportagem que fiz recentemente em vídeo no Contas-poupança emitida no Jornal da Noite na SIC. Se não viu tem o link no fim do texto. Se quiser só ler, tem aqui.

Dicas para aquecer a casa sem gastar muito dinheiro (começa tudo nas paredes e janelas e só depois vem o resto)

REUTERS

Dezenas de pessoas perguntaram-me ao longo das últimas semanas qual é o equipamento de aquecimento mais eficiente (e barato). Não é de admirar porque o frio apertou um pouco mais do que o habitual no princípio deste ano. Mas é uma dúvida recorrente.

PEDRO ANDERSSON/SIC

Há tantas alternativas no mercado e nós não somos especialistas em aquecimento. Acabamos por confiar no que nos diz o vendedor. Só sabemos que queremos ter a casa confortável e que normalmente o orçamento para tratar do aquecimento não é aquele que gostaríamos que fosse.

Não é por acaso que os aquecedores mais vendidos em Portugal (e vão continuar a ser) são os elétricos a óleo ou os termoventiladores (as ventoinhas que espalham o ar quente). São baratos e resolvem a situação de forma quase imediata. É só ligá-los ao pé de nós e já está.

Mas o que nem todos sabem é que esses “pequenos” aparelhos são um verdadeiro sorvedouro de eletricidade. Há portugueses que ao fim do mês recebem uma fatura de luz de 200, 300 ou 400 euros. E ficam admirados e até acham que é alguma espécie de erro, quando a explicação está nesses aquecedores.

Vamos a contas. Um aquecedor elétrico (seja de que tipo for) gasta normalmente 2.000W (é verdade que com o termóstato vai ligando e desligando, mas vamos arredondar a conta para ser mais fácil de entender). Como cada kWh custa cerca de 20 cêntimos, quer dizer que cada hora que está ligado gasta 40 cêntimos. Parece pouco, não é?

REUTERS

O problema não é estar ligado uma hora ou duas. É ficar ligado toda a noite ou todo o dia durante todos os meses de inverno.

Se ficar ligado das 22h às 08h, são 10 horas de consumo. Dá um total de 4 euros por dia. Ao fim do mês são 120 euros só para aquecer um quarto. Se forem dois aquecedores, estamos a falar de 240 euros por mês, fora todos os outros consumos da casa.

Desde que tenha essa consciência e possa ter essa despesa, não há problema nenhum. Mas pense um pouco, a gastar isso de luz em quatro meses são 960 euros. Isso já dá para comprar um bom ar condicionado e fica a pagar um quarto ou um quinto de eletricidade para aquecer as mesmas divisões no próximo inverno – e ainda arrefece no verão. Obviamente, depois tem de contar com a manutenção e eventuais avarias. Vai ter de fazer bem as contas e escolher bem os aparelhos para evitar ao máximo despesas desnecessárias.

Seja como for, ainda antes disso, falei com vários especialistas nesta área e todos foram unânimes na ordenação dos equipamentos mais eficientes tendo em conta a média de consumo dos diversos aparelhos.

GETTY

Falando de equipamentos portáteis, os mais eficientes são os aquecedores a gás. Tem como desvantagem o facto de muitas pessoas ainda terem receio de fugas e explosões, apesar dos modernos sistemas de segurança. E tem de arejar as divisões por causa do perigo do monóxido de carbono. Num aquecedor a gás dos mais modernos ligado no máximo, uma botija de 13 kg dá para 45 horas. Gasta quase 50 cêntimos por hora, mas como tem uma potência de 4 mil watts (o dobro dos aquecedores a óleo) aquece uma sala inteira por quase metade do preço dos elétricos. Tem de fazer as contas.

Nos sistemas de aquecimento mais complexos, no topo da lista está a biomassa com recuperadores de calor (lenha – de graça em muitas zonas do país -, pellets, briquets, etc). Logo a seguir, o ar condicionado (bombas de calor) e as caldeiras a gás. Tem também cada vez mais opções de energia solar, mas com a opção de aquecimento de águas sanitárias. Depois começam a surgir alternativas infindáveis que juntam mais isto e aquilo. Vai ter de decidir primeiro quanto dinheiro tem para gastar e se quer fazer obras em casa ou não. Depois é ler e investigar muito.

Como já percebeu, as opções são imensas e dependem também do seu gosto pessoal e se mora num apartamento ou numa moradia.

Se tem dúvidas antes de fazer um grande investimento e quer um conselho profissional, pode contactar um perito qualificado de certificação energética. O certificado energético não serve só para vender ou alugar casas. Pode contratar um na página da ADENE – Agência para a Energia.

RUI DUARTE SILVA

Mas antes disso, muitos portugueses esquecem-se que para aquecer a casa é primeiro preciso isolar as paredes. Sem isso não há milagres. Não adianta investir em aquecer a casa se o calor foge logo para a rua. Os especialistas insistem que os portugueses não se preocupam quase nada com o isolamento térmico das casas. Todas as casas deviam ter vidros duplos com uma caixa de ar com um mínimo de 16 mm de espessura e um capoto, se necessário. Um capoto é um termo técnico para um revestimento de esferovite e outros materiais isolantes que se coloca sobre a parede da casa e que serve de “manta” que aquece e protege a casa. Uma segunda pele.

Para uma casa específica (uma moradia duplex em Lisboa) que foi visitada por um perito de certificação energética, e cuja visita acompanhei, o investimento em aquecedores elétricos seria de 450 euros, uma caldeira a gás 4.500 euros, o ar condicionado 7 mil euros e um recuperador de calor com aquecimento a água 6 mil euros.

A aquecer apenas metade da casa 24h por dia, os aquecedores elétricos custariam 269 euros por mês, a caldeira a gás 131 euros, o ar condicionado 89 euros e o recuperador de calor a pellets 84 euros.

Em resumo, o conselho dos especialistas é, por categoria, na eletricidade: o ar condicionado; no gás, as caldeiras; na biomassa, os recuperadores de calor ou salamandras; e o aquecimento solar para quem quiser juntar sistemas de água quente.

Se o orçamento for curto tem os pequenos aparelhos portáteis a eletricidade ou gás, mas tenha a consciência de que está a pagar pequenas fortunas para aquecer a casa.
Mas o principal é primeiro isolar bem as paredes e janelas. Sem isso, está a deitar dinheiro à rua.

Línk para a Crónica no EXPRESSO

Veja AQUI a reportagem em Vídeo sobre o aquecimento.

Descarregue AQUI um PDF com 10 dicas para poupar muito dinheiro em 2017. É grátis!

 

 

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6 Comentários

  1. José Costa

    Vi a reportagem sobre o aquecimento das casas com muito interesse. Não percebi se estava ou não implícito, mas o aspecto das caixas de estore (vedação e isolamento térmico e acústico) também me parece que deve merecer alguma atenção. De que serve ter vidros ou janelas duplas se os estores ficarem de fora e o frio e calor passarem facilmente para o exterior? Existe uma tecnologia portuguesa interessante de isolamento de estores que ainda por cima pode ser instalada facilmente (cf. https://www.youtube.com/watch?v=0u2OT-yqDGM).
    Continuação do bom trabalho!

    Responder
    • Pedro Andersson

      Obrigado José. A técnica falou disso. Não referi por falta de tempo. Tem toda a razão nesse detalhe.

      Responder
  2. Artur

    Bom dia,

    Já pesquisei na internet e não encontrei uma informação que fosse completamente esclarecedora. Como calcula o consumo anual?

    Por exemplo para este modelo da Daikin ARXC25AV1B indica um consumo de cerca de 800kwh/a. O que me parece um consumo diário muito muito baixo. É mesmo assim?

    Como posso ver o valor kw/h em funcionamento normal?

    Muito Obrigado.

    Responder
  3. Sérgio Ribeiro

    Bom dia.

    Estava convencido de que os aquecedores a óleo eram 100% eficientes. Ou seja, eram os aparelhos de aquecimento mais eficientes que poderíamos ter, independentemente de poder haver outros de igual eficiência (mas nunca com maior eficiência).
    De facto, julgo que toda a energia consumida é convertida em calor, daí a razão de serem 100% eficientes.
    Comparando com um aspirador, na prática este nunca será 100% eficiente, pois muita da energia consumida não é gasta em sucção, mas sim em ruído, no movimento de peças mecânicas ou em calor.
    Falando de aparelhos de aquecimento, por exemplo um ventilador nunca será 100% eficiente, pois parte da energia consumida será gasta na produção de movimento mecânico, produção de ruído, movimentação de ar, produção de luz, etc. Por mais pequenos que sejam estes consumos “acessórios” de energia, reduzirão sempre a eficiência. O mesmo se aplica a aquecedores a gás, aparelhos de ar condicionado, etc.
    Estarei enganado no meu raciocínio?

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. O que tem de comparar é o custo da energia e do equipamento para produzir o mesmo resultado. Está a confundir dois conceitos: eficácia e eficiência.
      O aquecedor a óleo é 100% eficaz porque aquece, mas outro aparelho faz o mesmo por metade do preço. É eficaz e mais eficiente.

      Responder
  4. Abel da Silva Gonçalves Gonçalves

    estou satisfeito com as suas informações já consegui alguns beneficios obrigado pela atenção.

    Responder

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